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A bioimpedância é uma técnica que vem ganhando cada vez mais espaço no mundo da nutrição e da saúde.
Ela permite medir a impedância elétrica do corpo humano e, a partir dessa medida, é possível avaliar a composição corporal, ou seja, a quantidade de gordura, massa muscular e água presente no corpo.
Neste artigo, você entenderá como funciona a bioimpedância, para que ela serve e como é feita a sua interpretação.
Para que serve a bioimpedância?
A bioimpedância é usada para avaliar a composição corporal de uma pessoa. Ela é muito útil para quem deseja monitorar a perda de gordura e ganho de massa muscular, além de ser uma ferramenta importante para os profissionais de saúde que trabalham com nutrição, atividade física e outras áreas relacionadas à saúde.
Como funciona a bioimpedância?
A bioimpedância é uma técnica simples e não invasiva. Para realizá-la, são colocados eletrodos na superfície da pele e uma corrente elétrica de baixa intensidade é aplicada através do corpo.
A impedância elétrica é então medida a partir da diferença de potencial gerada pelos eletrodos. Com base nessa medida, é possível determinar a composição corporal de uma pessoa.
Garantindo resultados mais exatos
Para que o exame de bioimpedância forneça resultados precisos de massa gorda e magra, é importante garantir algumas condições durante a preparação.
Por exemplo, é recomendado evitar comer, beber café ou realizar exercícios físicos nas quatro horas anteriores ao exame. Além disso, é aconselhável beber de 2 a 4 copos de água cerca de duas horas antes do exame.
Outra recomendação é evitar a ingestão de bebidas alcoólicas nas 24 horas anteriores ao exame e não passar creme nas mãos ou pés.
É importante usar roupas leves e pequenas durante o exame para garantir a precisão dos resultados.
A preparação adequada é essencial, pois a hidratação inadequada pode levar a resultados incorretos de massa gorda, já que o corpo terá menos água para a corrente elétrica passar.
Da mesma forma, a retenção de líquidos pode levar a um aumento da massa magra, o que também não reflete a realidade.
Caso haja retenção de líquidos, é importante informar o técnico responsável pelo exame o mais cedo possível.
Como é feita a interpretação dos resultados da bioimpedância?
A interpretação dos resultados da bioimpedância deve ser feita por um profissional capacitado, como um nutricionista, médico ou educador físico.
O resultado da bioimpedância é expresso em valores de percentual de gordura, massa muscular e água corporal. Esses valores são comparados com os padrões de referência para cada grupo de idade e sexo.
Por exemplo, uma pessoa do sexo feminino com idade entre 20 e 30 anos pode ter um percentual de gordura ideal entre 21% e 33%.
Se o percentual de gordura dessa pessoa for maior do que 33%, isso pode indicar que ela precisa ajustar a sua alimentação e aumentar a prática de atividade física para perder gordura.
É importante destacar que a bioimpedância não é a única ferramenta para avaliar a composição corporal de uma pessoa.
Ela deve ser utilizada em conjunto com outras medidas, como o peso corporal, o Índice de Massa Corporal (IMC) e as circunferências de cintura e quadril.
O que é IMC?
IMC significa Índice de Massa Corporal e é uma medida usada para avaliar se uma pessoa está dentro do peso considerado saudável em relação à sua altura. É uma medida amplamente usada na área da saúde para ajudar a identificar o risco de doenças relacionadas ao peso, como obesidade e diabetes tipo 2.
O cálculo do IMC é baseado na altura e no peso da pessoa. Ele é calculado dividindo o peso da pessoa pela altura ao quadrado, em que a altura é medida em metros e o peso em quilogramas. A fórmula matemática para calcular o IMC é a seguinte:
IMC = peso (em quilogramas) / altura² (em metros)
Por exemplo, uma pessoa com 70 kg de peso e 1,75 m de altura teria um IMC de:
IMC = 70 / (1,75 x 1,75) = 22,9
Os resultados do IMC são divididos em categorias que indicam o risco de doenças relacionadas ao peso:
- IMC abaixo de 18,5: abaixo do peso
- IMC entre 18,5 e 24,9: peso normal
- IMC entre 25 e 29,9: sobrepeso
- IMC entre 30 e 34,9: obesidade grau I
- IMC entre 35 e 39,9: obesidade grau II
- IMC acima de 40: obesidade grau III
No entanto, é importante lembrar que o IMC é apenas uma medida de avaliação do peso e não leva em consideração a composição corporal da pessoa, como a quantidade de gordura e massa muscular. Por isso, indivíduos com alto teor de massa muscular podem ter um IMC mais elevado, mas não necessariamente estão acima do peso saudável.
Além disso, outros fatores de risco, como histórico familiar de doenças relacionadas ao peso, estilo de vida sedentário e hábitos alimentares pouco saudáveis, também devem ser considerados em conjunto com o IMC.
Em resumo, o IMC é uma medida simples e amplamente utilizada para avaliar o peso saudável de uma pessoa em relação à sua altura. No entanto, é importante lembrar que ele é apenas uma medida e deve ser utilizado em conjunto com outros fatores de risco e avaliações médicas para avaliar a saúde geral de uma pessoa.
Massa Gorda
Massa gorda é o tecido adiposo presente no corpo humano, composto principalmente por células adiposas (adipócitos) que armazenam energia na forma de gordura.
É uma reserva de energia importante para o organismo, mas o excesso de massa gorda pode estar associado a riscos para a saúde, como obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares, entre outras.
A massa gorda pode ser medida através de técnicas como a bioimpedância, que avalia a resistência elétrica do corpo à passagem de uma corrente elétrica de baixa intensidade.
A partir dessa medida, é possível estimar a quantidade de massa gorda presente no corpo. A quantidade de massa gorda pode ser dada em % ou em Kg, dependendo do tipo de aparelho.
Os valores recomendados de massa gorda variam de acordo com o sexo e a idade em porcentagem, conforme a tabela abaixo:
Massa Magra
Massa magra é a porção do corpo humano que não é composta por tecido adiposo, ou seja, é tudo o que não é gordura, como músculos, ossos, órgãos, pele e água corporal.
É responsável por manter o funcionamento do organismo e realizar atividades físicas. A massa magra é importante para a saúde, pois ajuda a manter o metabolismo ativo, a queimar calorias e a proteger contra doenças crônicas.
A bioimpedância pode ser utilizada para avaliar a massa magra do corpo, permitindo monitorar seu desenvolvimento e ajustar a alimentação e a atividade física para alcançar objetivos de saúde e bem-estar.
O valor de massa magra indica a quantidade de músculo e água no organismo, sendo que algumas balanças e aparelhos mais modernos já fazem a diferença entre os dois valores. Para a massa magra, os valores recomendados em Kg são:
Massa Muscular
Massa muscular é a quantidade de músculo presente no corpo humano. Ela é composta por fibras musculares, que são células especializadas na contração, responsáveis pela movimentação do corpo e pela manutenção da postura.
A massa muscular é importante para a saúde, pois além de permitir a realização de atividades físicas, também contribui para o metabolismo ativo, ajudando na queima de calorias e na proteção contra doenças crônicas.
A massa muscular pode ser aumentada através da prática regular de exercícios físicos e de uma alimentação adequada, rica em proteínas e outros nutrientes essenciais para a construção muscular.
A avaliação da massa muscular pode ser feita através de técnicas como a bioimpedância, que permite medir a composição corporal e a distribuição de gordura e massa magra.
O acompanhamento da massa muscular pode ser importante para atletas e para pessoas que buscam melhorar sua condição física e prevenir a perda de massa muscular com o envelhecimento.
Densidade Óssea
Densidade óssea é a medida da quantidade de massa óssea presente em determinada região do esqueleto humano.
É uma importante medida da saúde óssea e da prevenção de doenças como a osteoporose.
A densidade óssea é influenciada por diversos fatores, incluindo idade, sexo, genética, alimentação, atividade física e exposição solar.
A densidade óssea pode ser avaliada através de exames como a densitometria óssea, que utiliza técnicas de imagem para medir a densidade mineral óssea em diferentes partes do corpo, como coluna lombar, fêmur e antebraço.
Essa medida é comparada com valores de referência para a idade e o sexo do paciente, permitindo avaliar o risco de fraturas e orientar o tratamento para prevenção da perda óssea e da osteoporose.
Alguns fatores podem contribuir para a diminuição da densidade óssea, como a falta de atividade física, o uso prolongado de medicamentos como corticoides, a deficiência de vitamina D e de cálcio, e o tabagismo.
Por outro lado, a prática regular de exercícios físicos de impacto, uma alimentação saudável e a exposição solar adequada podem contribuir para o aumento da densidade óssea e para a manutenção da saúde óssea.
Gordura Visceral
Gordura visceral é um tipo de gordura que se acumula ao redor dos órgãos internos do abdômen, como fígado, pâncreas e intestinos.
Ela é diferente da gordura subcutânea, que se acumula logo abaixo da pele e é mais facilmente visível e palpável.
A gordura visceral é considerada um fator de risco para diversas doenças, incluindo doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, hipertensão arterial, entre outras.
Isso porque ela libera hormônios e substâncias inflamatórias que podem causar alterações metabólicas e aumentar a resistência à insulina, além de aumentar a pressão arterial e o risco de formação de placas de gordura nas artérias.
A avaliação da quantidade de gordura visceral pode ser feita através de exames de imagem, como a tomografia computadorizada ou a ressonância magnética, ou através da medição da circunferência abdominal.
O controle da gordura visceral é importante para a prevenção e tratamento de doenças relacionadas à obesidade e ao acúmulo de gordura abdominal.
Uma alimentação saudável, a prática regular de atividade física e o controle do peso corporal são medidas que podem contribuir para a redução da gordura visceral e para a promoção da saúde.
Taxa de Metabolismo Basal
A taxa de metabolismo basal (TMB) é a quantidade mínima de energia que o corpo precisa para realizar suas funções vitais enquanto está em repouso, ou seja, sem fazer nenhum tipo de atividade física ou mental significativa.
Essa energia é utilizada para manter as funções básicas do organismo, como a respiração, a circulação sanguínea, a regulação da temperatura corporal, a produção de hormônios e a renovação celular.
A TMB é influenciada por diversos fatores, como idade, sexo, peso, altura, composição corporal, genética e nível de atividade física. Por isso, cada pessoa tem uma taxa metabólica basal única e específica.
Em geral, homens têm uma TMB maior do que mulheres, pois têm mais massa muscular e menos gordura corporal. Além disso, a TMB tende a diminuir com o avanço da idade, devido à perda de massa muscular e à redução da atividade hormonal.
A medição da TMB pode ser útil para ajudar no planejamento de dietas e programas de exercícios, uma vez que permite estimar a quantidade de calorias que uma pessoa precisa ingerir diariamente para manter seu peso atual ou para alcançar uma determinada meta de perda ou ganho de peso.
Existem diversas fórmulas e métodos que permitem calcular a TMB de forma aproximada, mas é importante lembrar que esses valores são apenas estimativas e que a taxa metabólica basal pode variar ao longo do tempo de acordo com mudanças no estilo de vida e na composição corporal.
Quem inventou a Bioimpedância?
O teste de bioimpedância não foi inventado por uma única pessoa ou em uma única data específica. A técnica de medir a resistência elétrica do corpo humano para estimar a composição corporal remonta ao início do século XX, quando o físico britânico Alan Lloyd Hodgkin desenvolveu a teoria da impedância elétrica dos tecidos biológicos.
Nos anos 1960, o uso da bioimpedância começou a se popularizar em estudos de pesquisa médica e científica, mas ainda era um método bastante complexo e caro. Com o avanço da tecnologia eletrônica e dos computadores nas décadas seguintes, a técnica se tornou mais acessível e hoje é amplamente utilizada em diversos setores, como saúde, fitness e esportes.
No final dos anos 1980, a bioimpedância começou a ser usada para estimar a composição corporal de forma não invasiva e rápida, através de aparelhos eletrônicos portáteis. Foi nessa época que surgiram os primeiros equipamentos comerciais de bioimpedância para uso em clínicas, academias e consultórios médicos.
Desde então, a técnica de bioimpedância tem sido continuamente aprimorada e aperfeiçoada, com o desenvolvimento de novos algoritmos de análise, softwares de processamento de dados e melhorias na precisão dos equipamentos. Hoje, a bioimpedância é uma das técnicas mais utilizadas para avaliar a composição corporal em todo o mundo.
Conclusão
A bioimpedância é uma técnica de avaliação da composição corporal que pode ser utilizada por diferentes profissionais da área da saúde, fitness e esportes. Dentre os profissionais que mais utilizam a bioimpedância, podemos destacar:
- Nutricionistas: os nutricionistas são profissionais especializados em nutrição e alimentação, que utilizam a bioimpedância para avaliar a composição corporal dos pacientes e planejar dietas e programas de alimentação personalizados.
- Educadores físicos: os educadores físicos são profissionais especializados em atividades físicas e esportes, que utilizam a bioimpedância para avaliar a composição corporal dos seus clientes e monitorar o progresso dos treinamentos e programas de exercícios.
- Médicos: os médicos podem utilizar a bioimpedância para avaliar a composição corporal de seus pacientes, especialmente em casos de doenças relacionadas ao peso, como obesidade e diabetes, e para monitorar o progresso de tratamentos médicos.
- Fisioterapeutas: os fisioterapeutas podem utilizar a bioimpedância para avaliar a composição corporal de seus pacientes, especialmente em casos de reabilitação após lesões ou cirurgias.
- Pesquisadores: a bioimpedância é uma técnica amplamente utilizada em pesquisas científicas na área da saúde, fitness e esportes, para avaliar a composição corporal de grupos de indivíduos e analisar os resultados de diferentes intervenções e tratamentos.
É importante lembrar que a interpretação dos resultados da bioimpedância deve ser feita por um profissional capacitado e que ela deve ser utilizada em conjunto com outras medidas para avaliar a composição corporal de uma pessoa.
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