Tempo de leitura: 16 minutos
A pílula do dia seguinte é um método contraceptivo de emergência que pode ser usado por mulheres que tiveram uma relação sexual desprotegida ou que suspeitam que o seu método contraceptivo habitual tenha falhado. O objetivo do medicamento é evitar uma gravidez indesejada, mas ela não deve ser usada como um método regular de prevenção, pois tem menor eficácia e mais efeitos colaterais do que os métodos tradicionais.
Neste artigo, vamos explicar como ela funciona, como e quando tomá-la, quais são os seus efeitos colaterais, contraindicações e dúvidas frequentes sobre o assunto.
O que é a pílula do dia seguinte e como ela age no corpo?
A pílula do dia seguinte é um comprimido que contém uma alta dose de um hormônio sintético chamado levonorgestrel ou de um composto chamado acetato de ulipristal. Essas substâncias atuam no organismo da mulher de diferentes formas, dependendo da fase do ciclo menstrual em que ela se encontra.
O principal mecanismo de ação da pílula do dia seguinte é inibir ou adiar a ovulação, ou seja, impedir ou atrasar a liberação do óvulo pelo ovário. Dessa forma, se não há óvulo disponível para ser fecundado pelo espermatozoide, não há como ocorrer uma gravidez.
Além disso, a pílula do dia seguinte também pode alterar o muco cervical, tornando-o mais espesso e dificultando a passagem dos espermatozoides pelo canal vaginal até as trompas de Falópio, onde ocorre a fecundação.
Outro possível efeito da pílula do dia seguinte é modificar o endométrio, que é a camada interna do útero onde o óvulo fecundado se implanta. Essa alteração pode impedir ou dificultar a fixação do embrião no útero, caso ele já tenha sido formado.
É importante ressaltar que a pílula do dia seguinte não tem efeito abortivo, ou seja, ela não interrompe uma gravidez já estabelecida. Se o óvulo já tiver sido fecundado e implantado no útero antes da mulher tomar a pílula, ela não irá interferir no desenvolvimento do embrião.
Como tomar a pílula do dia seguinte?
A forma de tomar a pílula do dia seguinte varia de acordo com o tipo de comprimido escolhido. Existem duas opções disponíveis no mercado:
- Levonorgestrel: pode ser encontrado em doses de 0,75 mg ou 1,5 mg. A dose de 0,75 mg deve ser tomada em duas tomadas, com intervalo de 12 horas entre elas. A dose de 1,5 mg deve ser tomada em dose única. O levonorgestrel deve ser usado até 72 horas (3 dias) após a relação sexual desprotegida.
- Acetato de ulipristal: tem uma dose única de 30 mg e deve ser usado até 120 horas (5 dias) após a relação sexual desprotegida.
Em ambos os casos, recomenda-se tomar a pílula do dia seguinte o mais rápido possível após a relação sexual, pois a sua eficácia diminui com o passar do tempo.
A pílula do dia seguinte pode ser tomada em qualquer dia do ciclo menstrual, exceto se a mulher já estiver com a menstruação atrasada. Ela pode ser ingerida com água ou junto com alimentos, para evitar náuseas ou vômitos.
Se ocorrer vômito ou diarreia dentro de 3 horas após a ingestão da pílula do dia seguinte, é necessário tomar outro comprimido imediatamente, pois o medicamento pode não ter sido absorvido pelo organismo.
A pílula do dia seguinte pode ser comprada nas farmácias sem receita médica, mas é recomendado consultar um médico ou um ginecologista antes de usá-la, para esclarecer dúvidas e avaliar os riscos e benefícios do método.
Qual o valor da Pílula do Dia Seguinte?
Um comprimido de Levonorgestrel pode ser encontrado nas farmácias entre 5 e 35 reais. Já o Acetato de Ulipristal custa em média 45 reais (caixa com 20 comprimidos).
Quando usar a pílula do dia seguinte?
A pílula do dia seguinte deve ser usada apenas em situações de emergência, quando há um alto risco de uma gravidez indesejada. Alguns exemplos são:
- Relação sexual sem preservativo ou com rompimento do preservativo;
- Esquecimento ou uso incorreto da pílula anticoncepcional regular;
- Falha ou remoção acidental de outros métodos contraceptivos, como DIU, implante, anel vaginal ou adesivo;
- Relação sexual forçada ou sem consentimento (violência sexual).
A pílula do dia seguinte não deve ser usada como um método contraceptivo habitual, pois ela tem menor eficácia e mais efeitos colaterais do que os métodos tradicionais. Além disso, o uso frequente da pílula do dia seguinte pode causar alterações no ciclo menstrual e na ovulação, prejudicando a saúde reprodutiva da mulher.
Portanto, a pílula do dia seguinte é uma medida de exceção, que deve ser usada apenas quando os outros métodos falharem ou não estiverem disponíveis. O ideal é que a mulher consulte um ginecologista para escolher o método contraceptivo mais adequado para o seu caso e use-o de forma correta e regular.
Qual é a eficácia da pílula do dia seguinte?
A eficácia da pílula do dia seguinte depende de vários fatores, como o tipo de comprimido usado, o tempo decorrido entre a relação sexual e a ingestão da pílula, a fase do ciclo menstrual em que a mulher se encontra e o seu peso corporal.
De modo geral, estima-se que a pílula do dia seguinte tenha uma eficácia entre 52% e 94%, sendo mais eficaz quanto mais cedo for tomada após a relação sexual. O acetato de ulipristal tem uma eficácia ligeiramente maior do que o levonorgestrel, principalmente se usado após 72 horas da relação sexual.
A pílula do dia seguinte pode falhar se for tomada muito tarde, se houver outra relação sexual desprotegida após o uso da pílula, se houver vômito ou diarreia dentro de 3 horas após a ingestão da pílula ou se houver interação com outros medicamentos que diminuam a sua absorção.
Além disso, a pílula do dia seguinte pode ter uma eficácia reduzida em mulheres com sobrepeso ou obesidade. Estudos indicam que o risco de falha da pílula aumenta conforme o índice de massa corporal (IMC) da mulher. Mulheres com IMC acima de 25 kg/m² podem ter uma eficácia menor do que as mulheres com IMC normal. Mulheres com IMC acima de 30 kg/m² podem ter uma eficácia muito baixa ou nula. Você pode acessar uma calculadora de IMC clicando aqui.
Portanto, a pílula do dia seguinte não é um método contraceptivo totalmente seguro e confiável. Ela deve ser usada apenas como uma alternativa de emergência e não como uma forma rotineira de prevenção da gravidez.
Quais são os efeitos colaterais da pílula do dia seguinte?
A pílula do dia seguinte pode causar alguns efeitos colaterais temporários e leves na maioria das mulheres que a usam. Os mais comuns são:
- Náuseas e vômitos;
- Dor de cabeça;
- Dor abdominal;
- Dor nas mamas;
- Tontura;
- Fadiga;
- Alterações de humor.
Esses efeitos colaterais costumam desaparecer em poucos dias e não representam um risco para a saúde da mulher. No entanto, se eles forem muito intensos ou persistentes, é recomendado procurar um médico ou um ginecologista para avaliar a situação.
A pílula do dia seguinte pode alterar o ciclo menstrual?
A pílula do dia seguinte pode causar alterações no ciclo menstrual da mulher, pois interfere na produção e na liberação dos hormônios que regulam a ovulação e a menstruação.
A principal alteração que pode ocorrer é o adiantamento ou o atraso da menstruação, que pode variar de alguns dias até algumas semanas. Isso depende de quando a mulher tomou a pílula e de como estava o seu ciclo menstrual naquele momento.
Outra alteração possível é a mudança na quantidade e na cor do sangramento menstrual, que pode ser mais escasso ou mais abundante, mais claro ou mais escuro do que o habitual. Isso se deve à modificação do endométrio causada pela pílula do dia seguinte.
Essas alterações são transitórias e tendem a se normalizar nos ciclos seguintes. No entanto, se a mulher notar que a sua menstruação está muito diferente do normal ou que não veio no prazo esperado, é recomendado fazer um teste de gravidez para descartar essa possibilidade.
A pílula do dia seguinte tem contraindicações?
A pílula do dia seguinte é um medicamento seguro e bem tolerado pela maioria das mulheres, mas existem algumas situações em que o seu uso é contraindicado ou deve ser feito com cautela. Algumas delas são:
- Gravidez confirmada ou suspeita;
- Alergia ao levonorgestrel ou ao acetato de ulipristal;
- Sangramento vaginal anormal de causa desconhecida;
- Doença hepática grave ou insuficiência hepática;
- Uso de medicamentos que possam interferir na ação da pílula do dia seguinte, como anticonvulsivantes, antirretrovirais, antibióticos, antifúngicos, entre outros.
Antes de tomar a pílula do dia seguinte, é importante ler a bula do medicamento e verificar se há alguma contraindicação ou precaução para o seu caso. Em caso de dúvida, consulte um médico ou um ginecologista.
A pílula do dia seguinte protege contra doenças sexualmente transmissíveis?
A pílula do dia seguinte não protege contra doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), como HIV, sífilis, gonorréia, clamídia, HPV, herpes, hepatite B e C, entre outras. Ela é um método contraceptivo de emergência que visa apenas evitar uma gravidez indesejada.
Para prevenir as DSTs, o único método eficaz é o uso correto e consistente do preservativo masculino ou feminino em todas as relações sexuais. O preservativo também é um método contraceptivo eficiente e barato, que pode ser usado em conjunto com outros métodos para aumentar a segurança.
Se você teve uma relação sexual desprotegida ou com risco de contaminação por DSTs, procure um serviço de saúde para fazer os exames necessários e receber orientação sobre o tratamento adequado. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico e o tratamento das DSTs, menores serão as chances de complicações e sequelas para a sua saúde.
Dúvidas frequentes sobre a pílula do dia seguinte
A seguir, vamos responder algumas das dúvidas mais comuns sobre a pílula do dia seguinte:
O que corta o efeito da pílula do dia seguinte?
Existem algumas situações que podem cortar o efeito da pílula do dia seguinte, como tomar a pílula antes ou muito tempo após a relação desprotegida, vomitar até 4 horas após tomar o medicamento ou ter alguma doença que cause má absorção intestinal. Além disso, existem alguns medicamentos que podem reduzir a eficácia ou cortar o efeito da pílula do dia seguinte, como alguns anticonvulsivantes, antibióticos, antiretrovirais e outros. É importante consultar a bula do medicamento ou um médico antes de usar a pílula do dia seguinte se estiver tomando algum desses remédios.
Quanto tempo a pílula do dia seguinte fica no organismo?
A pílula do dia seguinte age no organismo no dia em que é tomada, mas pode ter efeitos colaterais que duram alguns dias ou semanas. A maioria das pílulas do dia seguinte tem um período de meia vida de 24 horas, o que significa que a cada 24 horas a quantidade de hormônio no corpo cai pela metade. Após 48 horas, a pílula já terá perdido grande parte de sua eficácia.
Ela funciona no período fértil?
A pílula do dia seguinte tem efeito em todos os dias do mês, mas esse efeito pode ser menor durante o período fértil, especialmente se já ocorreu ovulação antes de se tomar o comprimido. A pílula do dia seguinte funciona principalmente atrasando ou inibindo a ovulação, mas também pode alterar o muco cervical e a mobilidade dos espermatozoides e do óvulo nas trompas 4.
Como saber se a pílula do dia seguinte realmente funcionou?
Não há como ter certeza imediata se a pílula funcionou ou não. A recomendação é realizar um teste de gravidez em caso de atraso menstrual, da mesma forma que seria feito sem a utilização da pílula. A menstruação pode descer na data prevista, com um atraso não superior a dias, ou pode ocorrer um sangramento irregular após o uso da pílula.
Ela pode mudar o corpo da mulher?
A pílula do dia seguinte não causa mudanças permanentes no corpo da mulher, mas pode provocar alguns efeitos colaterais temporários, como dor de cabeça, náusea, vômito, dor abdominal, cólicas menstruais, cansaço, tontura, irritabilidade e maior sensibilidade nas mamas. Esses sintomas tendem a desaparecer com o tempo e não são motivo para preocupação. No entanto, se persistirem ou forem muito intensos, é recomendado procurar um médico.
Posso tomar a pílula do dia seguinte mais de uma vez no mesmo ciclo menstrual?
Não é recomendado tomar a pílula do dia seguinte mais de uma vez no mesmo ciclo menstrual, pois isso pode aumentar os riscos de efeitos colaterais e alterações hormonais. Se você precisar usar a pílula do dia seguinte mais de uma vez em um curto período de tempo, consulte um ginecologista para avaliar o seu caso e indicar o melhor método contraceptivo para você.
Posso tomar a pílula do dia seguinte junto com a pílula anticoncepcional regular?
Sim, você pode tomar a pílula do dia seguinte junto com a pílula anticoncepcional regular, se você tiver esquecido ou usado incorretamente a sua pílula habitual e tiver tido uma relação sexual desprotegida. Nesse caso, você deve continuar tomando a sua pílula regular normalmente, sem interromper ou alterar o horário. No entanto, é recomendado usar um método de barreira, como o preservativo, até o final do ciclo, para aumentar a proteção.
Posso tomar a pílula do dia seguinte com álcool ou outras drogas?
Não há evidências de que o álcool ou outras drogas interfiram na eficácia da pílula do dia seguinte, mas é recomendado evitar o consumo excessivo dessas substâncias, pois elas podem causar efeitos adversos à saúde e prejudicar o julgamento e a capacidade de tomar decisões responsáveis sobre a sua vida sexual.
Posso amamentar depois de tomar a pílula do dia seguinte?
Sim, você pode amamentar depois de tomar a pílula do dia seguinte, pois não há riscos para o bebê. No entanto, se você tomou o acetato de ulipristal, é recomendado esperar 36 horas após a ingestão da pílula para retomar a amamentação. Nesse período, você deve extrair e descartar o leite materno e oferecer ao bebê outro tipo de alimento.
A pílula do dia seguinte pode causar infertilidade?
Não, a pílula do dia seguinte não causa infertilidade. Ela é um método contraceptivo de emergência que tem como objetivo evitar uma gravidez indesejada em uma situação específica. Ela não tem efeito permanente sobre a capacidade reprodutiva da mulher. No entanto, o uso frequente da pílula do dia seguinte pode causar alterações no ciclo menstrual e na ovulação, que podem dificultar a concepção no futuro. Por isso, é importante usar um método contraceptivo regular e adequado para evitar a necessidade de recorrer à pílula do dia seguinte.
Conclusão
A pílula do dia seguinte é um método contraceptivo de emergência que pode ser usado por mulheres que tiveram uma relação sexual desprotegida ou que suspeitam que o seu método contraceptivo habitual tenha falhado. Ela deve ser tomada o mais rápido possível após a relação sexual, preferencialmente dentro das primeiras 24 horas. Ela tem como principal mecanismo de ação inibir ou adiar a ovulação, impedindo ou reduzindo as chances de uma gravidez.
A pílula do dia seguinte tem uma eficácia entre 52% e 94%, sendo mais eficaz quanto mais cedo for tomada. Ela pode causar alguns efeitos colaterais leves e temporários, como náuseas, dor de cabeça, dor abdominal, dor nas mamas, alterações de humor e alterações no ciclo menstrual. Ela não protege contra doenças sexualmente transmissíveis e não tem efeito abortivo.
A pílula do dia seguinte não deve ser usada como um método contraceptivo habitual, pois ela tem menor eficácia e mais efeitos colaterais do que os métodos tradicionais. Ela deve ser usada apenas em situações de emergência, quando os outros métodos falharem ou não estiverem disponíveis. O ideal é que a mulher consulte um ginecologista para escolher o método contraceptivo mais adequado para o seu caso e use-o de forma correta e regular.
Espero que este artigo tenha esclarecido as suas dúvidas sobre a pílula do dia seguinte. Se você tiver alguma qualquer outra dúvida, não hesite em procurar um médico! 😊