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Professor da Unifesp, o neurologista utiliza quase exclusivamente a vitamina D3 para conseguir o que muitos médicos consideram impossível: deixar seus pacientes livres dos efeitos das doenças autoimunitárias.
Professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Coimbra começou a utilizar há pouco mais de 10 anos um método baseado quase exclusivamente na vitamina D3 para conseguir o que muitos médicos consideram impossível: deixar seus pacientes livres dos efeitos das doenças autoimunitárias.
Alvo de críticos que o acusam de colocar em prática um tratamento experimental, rebate cada uma das acusações com a serenidade de quem vê empiricamente os resultados positivos. As centenas de e-mails que diariamente invadem sua caixa postal quase sempre terminam com a mesma palavra: obrigado.
A IMPORTÂNCIA DA VITAMINA D3 NO ORGANISMO
Dr. Cícero Coimbra é médico graduado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1979), possui título de especialista em medicina interna (1981) e neurologia (1983) pela mesma instituição, e em neurologia adulta e pediátrica (1985) pelo Jackson Memorial Hospital da Universidade de Miami, EUA.
Obteve o título de mestre (1988) e doutor (1991) em Neurologia pela Universidade Federal de São Paulo e pós-doutorado (1993) pela Universidade de Lund, Suécia. Atualmente é Professor Livre Docente do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia da Universidade Federal de São Paulo, onde dirige o Laboratório de Neuropatologia e Neuroproteção. É Fundador Presidente do Instituto de Investigação e Tratamento de Autoimunidade.
Atua na área de Medicina (Neurologia e Clínica Médica), com ênfase em doenças neurodegenerativas e auto-imunitárias. Desenvolveu o Protocolo Coimbra para o Tratamento de Doenças Autoimunitárias (protocolo de altas doses de vitamina D). O protocolo é utilizado atualmente por 50 médicos brasileiros e 53 médicos estrangeiros, e está disponível em 13 línguas diferentes.
https://vitamindwiki.com/Search+Results?hl=en&oe=UTF-8&ie=UTF-8&btnG=Google+Search&googles.x=0&googles.y=0&q=Multiple%2BSclerosis+&domains=vitamindwiki.com&sitesearch=vitamindwiki.com (Fonte: Currículo Lattes)
Como o senhor usa a vitamina D no combate às doenças autoimunitárias?
Primeiro, é preciso entender que a vitamina D3 é um hormônio. Ela recebeu esse nome por ter sido descoberta no início do século passado, quando foi detectada sua presença no óleo de fígado de bacalhau.
Como já haviam identificado as vitamina A, algumas do complexo B e a C, os pesquisadores imaginaram estar diante da D. Levou algumas décadas para descobrirem que essa substância tinha a mesma estrutura básica dos hormônios esteroides. Como o termo já estava consagrado, acharam melhor mantê-lo.
No que consiste o tratamento de vitamina D3?
Existem pesquisas sobre os efeitos da vitamina D no sistema imunológico há mais de quatro décadas. Cerca de 10 anos atrás, começamos a usar doses de 10 mil unidades, que chamamos de fisiológicas, para a correção da vitamina D em pacientes com esclerose múltipla e verificamos uma melhora significativa.
Naquela época, também tivemos acesso a estudos que indicavam que os portadores de doenças autoimunitárias apresentam graus variados de resistência a esse hormônio.
De posse dessas informações, passamos a aumentar as doses acima de 10 mil unidades, sempre acompanhando os pacientes laboratorialmente para evitar o único efeito colateral importante da vitamina D, que é o perigo de calcificação renal pelo excesso de absorção de cálcio.
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Ao fazer isso percebemos que, quanto mais aumentávamos as doses, maiores eram os benefícios. Nos últimos cinco anos conseguimos desenvolver uma técnica capaz de identificar a dose de vitamina D necessária para deixar cada paciente livre da atividade da doença.
A doença desaparece totalmente?
A atividade da doença desaparece em 95% dos casos, desde que não esteja num estágio muito avançado. Nos outros 5% o tratamento tem um efeito parcial, mas ainda assim significativo.
Existem dois fatores principais que, embora ainda não saibamos por que, reduzem o sucesso: o tabagismo e a depressão, sintoma bastante comum em pacientes que já foram muito afetados pela doença. Quando o tratamento é iniciado rapidamente, entretanto, é possível reverter as sequelas.
O paciente precisará tomar essas altas doses de vitamina D3 para o resto da vida?
Ainda não sabemos ao certo por quanto tempo o paciente precisará manter essa rotina, mas é racional imaginar que, aqueles que começaram o tratamento num estágio avançado da doença, provavelmente não poderão interrompê-la.
O tratamento é caro?
Como a vitamina D3 é muito barata e ela corresponde a 95% do tratamento, o custo mensal varia de 30 a 80 reais, dependendo da dose diária administrada. Isso contrasta com os 10 mil a 15 mil reais por mês que são gastos com cada paciente nos tratamentos convencionais.
Além disso, enquanto a vitamina D3 elimina 100% da atividade da doença em quase todos os casos, as outras drogas bloqueiam no máximo 30%, segundo a própria indústria farmacêutica.
Cerca de 20 minutos de exposição solar, com braços e pernas à mostra sem filtro solar, podem produzir 10 mil unidades de vitamina D3. Depois de atingir o dobro dessa quantidade, a produção cessa.
Curiosamente, essa realidade contrasta com a recomendação de órgãos internacionais, que atualmente instruem os médicos a indicarem suplementos de apenas 600 unidades diárias.
Por que o corpo humano produziria 10 mil unidades se necessitasse de menos? Essas 600 unidades são incapazes de tirar um indivíduo adulto de um estágio de deficiência de vitamina D3.
Por que a recomendação é tão baixa?
Aí entramos na seara das especulações, mas o fato é que a vitamina D é um produto natural e, por isso, não pode ser patenteado e não interessa à indústria farmacêutica.
Qual é uma dose segura de vitamina D3 para uma pessoa saudável?
O uso de altas doses de vitamina D3 pode causar sérios riscos à saúde se você não está sendo acompanhado laboratorialmente e clinicamente por um médico habilitado.
Para uma pessoa saudável, posso dizer sem sombra de dúvidas que 10 mil unidades diárias não causarão nenhum risco, muito pelo contrário.
Para aqueles que sofrem de alguma doença autoimunitária, essa dose proporcionará um alívio parcial, mas não eliminará o problema. Doses maiores podem ser utilizadas, desde que com acompanhamento médico.
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Texto do neurologista Cícero Galli Coimbra,
originalmente publicado no site do Instituto de Autoimunidade
O Instituto de Investigação e Tratamento de Autoimunidade (“Instituto de Autoimunidade”) foi criado no primeiro semestre de 2011, a partir da iniciativa deste médico signatário e de ex-pacientes (atualmente seus amigos) que apresentavam manifestações autoimunitárias, e que foram beneficiados com o tratamento a eles oferecido.
Atualmente essas pessoas possuem um nível normal de qualidade de vida, mantendo-se livres das agressões do sistema imunológico, ao ponto de considerarem-se ex-portadores da doença e participam da direção do Instituto de Autoimunidade, idealisticamente voltados para viabilizarem o mesmo benefício para outros pacientes, especialmente os mais carentes.
Os relatos espontâneos dos pacientes beneficiados geraram grande repercussão nas comunidades da rede mundial de computadores, originando a demanda pelas atividades a que se propõe o Instituto de Autoimunidade.
O alvo das atividades do Instituto de Autoimunidade volta-se para a identificação e para a correção de distúrbios metabólicos causadores das doenças autoimunitárias, inicialmente com especial atenção para a correção da deficiência de vitamina D, hoje amplamente reconhecida por diversos membros da comunidade científica internacional como fator primordial no surgimento e exacerbação da atividade de doenças autoimunitárias e outras doenças graves, tais como câncer.
A “vitamina D” (ou “colecalciferol”) é, na realidade, atualmente considerada um pré-hormônio no meio científico (pois é transformada em diversas células do organismo humano no hormônio calcitriol – hormônio esse potencialmente capaz de modificar 229 funções biológicas no organismo humano – referência 1).
A utilização do colecalciferol como tratamento via oral (desde que em doses fisiologicamente realistas – próximas daquelas obtidas através da exposição solar abundante) tem baixo custo e alta efetividade; mostra-se capaz de manter os pacientes sem os prejuízos físicos, psíquicos e sociais relacionados às doenças autoimunitárias, além de promover a regressão potencialmente completa de sequelas recentemente adquiridas, o bem-estar e a autoconfiança do paciente.
Poupa-se ao sistema de saúde público e privado vultosos gastos com internações hospitalares e medicamentos dispendiosos, ensejando-se a um grande número de pacientes uma vida essencialmente normal e produtiva, livrando-os de uma sobrevivência na condição de doentes crônicos, incapacitados para o trabalho e dependentes do sistema previdenciário.
Enfatiza-se que não se trata de um tratamento alternativo, mas de fato de reconstituir o mecanismo que a própria natureza desenvolveu com o objetivo de evitar a agressão autoimunitária contra o próprio organismo.
Em vista do conflito com interesses relacionados ao comércio de medicamentos (que mensalmente movimenta somas bilionárias) que atravanca a absorção desses conhecimentos mais recentes pela comunidade médica, o Instituto de Investigação e Tratamento de Autoimunidade assume já como força motriz inspiradora de suas atividades, desde a sua fundação, o fundamental compromisso de difundir as bases desse tratamento para outros profissionais médicos, para que se tornem também eles elementos difusores dessa terapia, dessa forma contribuindo para o encurtamento do tempo que será gasto para que um número maior de pacientes sejam beneficiados.
Fonte: Revista VEJA