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O medo sempre foi muito importante para a sobrevivência dos seres humanos, mas, em alguns casos, pode se tornar paralisante e atrapalhar o seu sucesso e desenvolvimento. Este é o caso do medo da Limpeza do Fígado e da Vesícula que, talvez por desinformação, as pessoas acabam evitando e se entregando aos métodos cirúrgicos para remover os cálculos biliares.
Vejo que a desinformação é muito grande por parte de quem sai por aí propagando que a limpeza é extremamente perigosa e até mesmo mortal. Bem, a realidade é exatamente outra.
Leia também: Protocolo da Limpeza do Fígado e da Vesícula.
Muitos me perguntam se é possível expulsar todos os cálculos de dentro da vesícula; a resposta é: depende!
Se um cálculo é maior do que o diâmetro das condutas de ligação da vesícula biliar com o duodeno (ducto cístico, colédoco, esfíncter de Oddi), então este cálculo não conseguirá ser expulso, portanto, neste caso, o melhor caminho será tentar dissolvê-lo, não expulsá-lo.
O que são cálculos biliares e o que eles causam?
Cálculos são pedrinhas relativamente comuns no organismo, já que algumas pessoas acumulam cristais de colesterol com mais facilidade pela Bile. Essas pedras saem naturalmente da vesícula de pessoas com cálculos, muitas vezes acompanhado de cólicas biliares (os famosos ataques de vesícula). O que acontece é que durante um ataque de vesícula os músculos não estão relaxados e tem pouca presença de bile, que é o que dará impulso para a pedra ser expulsa.
Essas pedras, na maioria das vezes, ficam paradas no ducto biliar comum (colédoco). A obstrução do ducto colédoco é frequentemente causada por cálculos biliares expulsos da vesícula; isso por si só é a maior prova de que os cálculos biliares podem sair de dentro da vesícula biliar, mas como eu disse anteriormente, depende do tamanho da pedra.
BILE – Líquido fabricado pelo fígado para auxiliar na digestão de gorduras
Porém, durante uma Limpeza do Fígado e da Vesícula, os músculos estão relaxados com o efeito do sulfato de magnésio, que fara com que o diâmetro das condutas de ligação da vesícula com o duodeno aumente consideravelmente; e a vesícula está cheia de bile por causa da dieta sem gordura da semana de preparação, que é o que vai dar o impulso para a pedra sair e não ficar parada no meio do caminho.
Por isso é raro acontecer ataques de vesícula durante uma limpeza. A incidência de ataques durante uma limpeza é de 6% dentre as pessoas que possuem cálculos biliares comprovados por ultrassonografia.

Para sabermos qual o tamanho máximo que uma pedra pode ter para sair naturalmente da vesícula, devemos prestar atenção no menor diâmetro do maior ducto, que é o ducto cístico. Seu diâmetro varia de pessoa para pessoa, já que ninguém é igual.
Em um adulto o menor diâmetro de um ducto cístico pode ser de 3 a 10 milímetros. Raramente pode ser maior do que 1 cm, até 1,5 cm (15 mm). Isso significa que o maior cálculo biliar capaz de sair da vesícula biliar não pode ser maior do que o menor ducto.
Gostaria de frisar que com o sulfato de magnésio esses ductos ficam relaxados, aumentando seus tamanhos. Porém, não foi feito nenhum tipo de pesquisa ou estudo para comprovar até que ponto esses ductos são alargados com o efeito do magnésio.
Segundo uma enquete feita com os membros do site CureZone (infelizmente não existem estudos a respeito deste assunto), os riscos de se fazer uma Limpeza do Fígado e da Vesícula são pequenos, 1 em cada 182 pessoas com cálculos biliares sintomáticos podem ter de enfrentar uma pedra presa dentro do ducto cístico ou dentro do ducto colédoco. Ou seja, se você possui cálculos biliares comprovados por ultrassonografia, a chance de precisar de ajuda médica de emergência é menor do que 1%.
É sempre preferível que a pedra fique parada no ducto colédoco, por ser mais fácil de remover através de uma outra limpeza.
Se você tem cálculos biliares assintomáticos, as chances de enfrentar um início de pancreatite é de 1 em 500.

Limpeza de Fígado – Mito ou Verdade?
Como todo procedimento, existem riscos. Porém, comparando a limpeza com a colecistectomia (retirada cirúrgica da vesícula), chegamos à conclusão de que a limpeza é extremamente segura. Portanto devemos pelo menos tentar evitar a cirurgia com procedimentos naturais, como é o caso da limpeza.
Siga o meu raciocínio: supostamente, a única “cura” da litíase biliar (pedras na vesícula) é a colecistectomia (cirurgia), portanto, se a retirada da vesícula já é certeza, por que não tentar uma série de limpezas? Como você viu, o risco de um quadro de pancreatite é muito pequeno, menor do que 1%, esse número é muito maior até mesmo com a própria cirurgia. Caso aconteça um quadro de pancreatite com você, durante a limpeza, você fará o que já faria de qualquer forma, retirar a vesícula!

Com certeza o maior medo de quem faz uma Limpeza do Fígado e da Vesícula é que aconteça um quadro de pancreatite, mas esse risco é muito maior até mesmo com a própria cirurgia.
A pancreatite acontece quando uma pedra passa da vesícula para a ampola (que é a união do ducto pancreático com o ducto colédoco), o fluxo do suco pancreático será obstruído e a bile chegará ao pâncreas. Isso irá fazer com que algumas enzimas pancreáticas, que quebram as proteínas, sejam ativadas ainda no pâncreas e não no duodeno, como ocorreria normalmente. Isso tornará essas enzimas altamente destrutivas.
Elas começarão a digerir parte do tecido pancreático, o que poderá resultar em infecção, supuração e trombose local. Esse quadro demora algumas semanas para se complicar, portanto você terá tempo suficiente para ir atrás de ajuda médica. É por isso que eu sempre recomendo uma ultrassonografia logo após cada limpeza para quem tem cálculos comprovados, ou para quem está sentindo algum desconforto na região do fígado. Dessa forma você terá certeza se tem algo, ou não, parado em algum ducto.
Deslocamento das pedras ajuda ou atrapalha?
Muitas pessoas acham que esses cálculos entram no pâncreas e ficam lá parados, mas como eu expliquei no parágrafo superior, esses cálculos ficam parados na ampola (ampola de Vater).
Algumas vezes, alguns clientes que estavam com pedras paradas no ducto colédoco (coledocolitíase) pediram a minha ajuda. Geralmente as pessoas não querem ter que fazer cirurgia por uma simples pedra que está parada no meio do caminho. A verdade é que essas pedras são expulsas com uma única limpeza, pelo grande fluxo de bile que a Limpeza do Fígado e da Vesícula proporciona. Isso sempre é comprovado com uma ultrassonografia feita após a limpeza hepática.
Isso deixa claro que mesmo com aquele menos de 1% de risco de pancreatite com a limpeza, você ainda tem a chance de reduzir para 0% se fizer uma outra limpeza logo em seguida para evitar qualquer cálculo parado no meio do caminho. Pois quase sempre é apenas uma falta de mais “empurrão”, de mais bile. Nos casos mais graves, você terá todo o auxílio médico e não correrá risco de morte.
O OUTRO LADO DA HISTÓRIA
Dois dias atrás, recebi um e-mail de um amigo pedindo minha opinião sobre um tratamento que uma clínica está fazendo em seus pacientes e se ele deve usar o que eles chamam de limpeza biliar e hepática. Alguns membros da minha equipe clínica já tinham vindo me contar sobre alguns pacientes que haviam adotado esse procedimento, e nunca pensei muito nisso, porque me parecia bobo.
Mas como esse tópico continua surgindo, eu continuei para entender do que se tratava. Li alguns blogs, assisti a alguns vídeos e fiquei surpreso com a quantidade de depoimentos de pacientes e profissionais de saúde que ficaram maravilhados com os resultados impressionantes das pedras verdes e marrons que surgiram após 7 dias de uma dieta que culminou em um dia exclusivo excretado em a ingestão de fezes de suco de maçã ou limão, sulfato de magnésio e azeite de oliva.
Leia também: SUCO DE FRUTAS FAZ MAL PRO FÍGADO?
Minha primeira surpresa foi que a quantidade de pedras que eles supostamente ejetaram é, em alguns casos, mais de 400 e é um tamanho considerável: pouco maior do que uma ervilha cada! A partir daí você já sabe que não tem como ter tártaro na vesícula: você precisaria de uma vesícula bem grande, vou pisar aqui, do tamanho de uma bola de vôlei para economizar tantos cálculos, e sua vesícula segura em média a quantidade máxima de 2 xícaras de café.
Em alguns depoimentos, os pacientes também falam: Eu fiz a limpeza pela terceira vez e, adicionando todas as pedras, já ejetava quase 1000 pedras pequenas, como se fosse se formar cálculo biliar a tanta velocidade. Também é perceptível que esses seixos flutuam na água do vaso sanitário: algo que não acontece com os cálculos biliares porque são mais densos que a água devido ao alto teor de cálcio e colesterol.
De onde vêm essas pedrinhas verdes e marrons? Bem, imagino que não sejam nada mais do que as fezes de uma dieta incomum: uma dieta à base de uma grande quantidade de azeite, suco de maçã ou limão e sulfato de magnésio. Esses seixos são provavelmente apenas um produto da saponificação de óleos que ocorre diariamente em nossos intestinos, mas não são facilmente visíveis nas fezes justamente porque ninguém bebe 1 xícara de azeite no café da manhã.
Saponificação é o processo pelo qual, por exemplo, a pedra-sabão é feita. Para que essa saponificação ocorra, é necessário que ocorram algumas reações químicas com substâncias alcalinas encontradas em grandes quantidades no intestino humano, como a bile e o suco pancreático. Mas essa reação pode ser intensificada pelo sulfato de magnésio, que é ligeiramente alcalino, mas facilmente convertido em nosso corpo em hidróxido de magnésio, que é fortemente alcalino.
Outra explicação possível, mas talvez menos provável, seria a formação de complexos insolúveis de colesterol ligado a esterol, que também são excretados nas fezes todos os dias. A bile é composta essencialmente de colesterol, que se liga aos esteróis com muita facilidade em várias plantas, como azeite, limão e maçã.
É esta reação química que faz com que vários alimentos melhorem o perfil do colesterol no sangue: como a ligação entre o colesterol e os esteróis é muito forte e são moléculas que não são absorvidas pelo intestino, são excretadas nas fezes. Sem a reabsorção da bile no intestino, o fígado é forçado a produzir mais bile e a matéria-prima para isso é o colesterol, que diminui o perfil lipídico da corrente sanguínea.
Como fazer esta limpeza 1, 2, 3, 50 Tempo e você continuará excretando essas pedras, mas isso significa apenas que você está excretando o que ingeriu, não pedras de sua vesícula biliar.
1) Sua vesícula biliar não tem tantas pedras dentro dela.
2) Os cálculos biliares afundam na água, eles não flutuam na água como as pedras mencionadas acima que são expelidas dos intestinos.
3) Os cálculos biliares raramente podem ser passados através da vesícula biliar ou ducto biliar. Porém, devem ser muito pequenos, menores que 5 mm, e ainda assim existe um grande risco de entupimento do ducto, o que leva a processos inflamatórios graves, como a pancreatite. Portanto, pedras grandes são geralmente menos perigosas do que pedras pequenas, pois é muito improvável que passem pelo canal.
4) Em vários blogs e vídeos de defensores dessa limpeza, eles afirmam que o ácido málico das maçãs dissolve os cálculos biliares e que isso foi publicado em 1999 na prestigiosa revista científica Lancet. Isso chamou minha atenção, pois sou assinante do Lancet e fui atrás de um artigo como esse. Na verdade, não é um artigo, mas uma carta de um assinante do editor da revista relatando que sua esposa cuspiu bolinhas verdes e marrons depois de beber uma grande quantidade de suco de maçã e um copo de azeite.
Portanto, este não é um artigo científico, mas um relatório de um assinante. As pessoas consultam a revista e nem se dão ao trabalho de ler sobre o que ela trata. Eles apenas aparecem e replicam informações de fontes duvidosas. Mas ainda vamos pensar na anatomia do nosso sistema digestivo: as pedras, quando estão presentes, ficam armazenadas na vesícula biliar. E temos um esfíncter, que é um tipo de músculo que impede que qualquer substância do intestino volte para a vesícula biliar ou ducto biliar.
Os medicamentos de sais biliares usados para diluir alguns tipos dessas pedras atuam primeiro sendo absorvidos pela corrente sanguínea para serem metabolizados no fígado e, em seguida, alcançando a vesícula biliar. E o tratamento para esses medicamentos geralmente leva meses.
5) Por fim, muitas pessoas que já experimentaram esse método relatam uma facilidade, uma melhor disposição e até uma melhora nos valores sanguíneos após esse procedimento, como se todo o seu corpo tivesse sido profundamente limpo.
Bom, não tem nada a ver com a excreção dessas pedras, mas com todas as mudanças de hábitos alimentares que eles usam 1 semana antes de iniciar esses procedimentos, além do longo jejum que fazem no dia do procedimento, é um benefício que também é observado por muitas pessoas que jejuam mais por motivos religiosos: uma clareza espiritual, uma leveza, uma atitude, um bem-estar, uma conexão com a espiritualidade. Isso ocorre por causa de várias reações químicas já estudadas em pacientes em jejum que estão relacionadas a várias alterações hormonais na sobrevida causadas pelo jejum prolongado, como nos hormônios do crescimento, hormônios adrenais, glândula pituitária e até mesmo no sistema imunológico.
Não digo aqui que é impossível para você se livrar dos cálculos biliares por meio de tal processo. Mas provavelmente não seria diferente de uma dieta rica em gordura, que também pode fazer a vesícula biliar se contrair por meio do hormônio colecistocinina no intestino, que pode eventualmente expelir pedras muito pequenas. Mesmo assim, seria muito difícil para você identificá-los em sua cadeira por seu pequeno tamanho e número reduzido.
Espero que com esse artigo você tenha ficado mais tranquilo(a) e fará suas limpezas com mais confiança. Leias os dois lados da história e veja o que é mais vantajoso na sua opinião; se é a limpeza ou a cirurgia.
O Nutrição e Vida Saudável é um blog de notícias sobre tratamentos caseiros. Ele não substitui em hipótese alguma um especialista. Consulte sempre seu médico.
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O que me admira em uma publicação dessas é a ousadia de afirmarem que não exista problemas no deslocamento de uma pedra de visícula para as vias digestivas…!!!
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Obrigada. Adorei a explicação da limpeza hepática. Gostaria de saber se, quem tem diverticulite que nunca teve inflamação pode fazer a limpeza hepática.
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Não devem fazer a limpeza: casos de redução de estômago (bariátrica), diverticulite, cirurgias recentes, tratamento para câncer, grávidas, crianças abaixo de 06 anos e idosos, a menos que façam acompanhados de um médico ou responsável, preferencialmente que já tenha feito sua própria limpeza.*